sexta-feira, 22 de julho de 2011

Roger Costa.

"Tornai, vós, tremulas visões, que outrora


Surgiram já à lânguida retina.

Tenta reter-vos minha musa agora?


Inda minha alma a essa ilusão se inclina?


À roda afluis! reinai, então, nesta hora


Em que assomais do fumo e da neblina;


Torna a fremir meu peito com o bafejo


Que vos envolve em mágica e cortejo.






Trazeis imagens de horas juvenis,


Sombras queridas que vagam no recinto;


Amores, amizades, ressurgis


Do olvido como um conto meio extinto;


Renasce a dor, que em seus lamentos diz


Da vida o estranho, errante labirinto.


Evoca os bons que a sorte tem frustrado,


E antes de mim, a luz arrebatado.






Meus novos cantos já não ouvirão


Os que me ouviram os primeiros versos;


Desfeito, ah!se acha o grupo amigo, irmão,


Ecos de outrora estão no nada imersos.


Meu canto soa à ignota multidão,


Seu próprio aplauso ecoa em sons adversos,


E o mais, que a minha lira amara, erra,


Se vivo for, esparso sobre a terra.






E de um remoto anelo um grave encanto


Àquele reino de visões me acena;


Vibra, ora, em indecisos tons meu canto,


Qual da harpa eólica a murmurante pena;


Sinto um tremor, segue-se o pranto ao pranto,


A rígida alma abranda-se e serena;


O que possuo vejo ao longe, estranho,


E real me surge o que se foi antanho."
 
IGITVR QVI DESIDERAT PACEM PRÆPARET BELLVM

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