O amante é cego...
Novamente
pressionado pelo nem tão querido companheiro que responde pelo nome de cérebro,
decidi pensar um pouco mais sobre o famoso clichê “O amor é cego.”.
De
fato é uma frase que se verifica de tempos em tempos, pelo menos metaforicamente,
mas podemos mudar nossa perspectiva para observar um caso bastante real de
amor: o do cego.
Como será que um cego
de nascença percebe o amor? Será que seu sentimento é ainda mais genuíno que o
habitual, já que ele não pode ser “trapaceado” pela beleza do outro? Não faço a
menor idéia, mas gosto de pensar que, de fato, há vezes em que a visão só nos
limita, nos impede de perceber... outras coisas. A voz suave de uma pessoa
querida, um cheiro familiar, o calor de um abraço e assim por diante.
É nesse espírito que aqui deixo um poema que me agradou deveras, embora seja um pouco triste, de autoria de Paulo Felicíssimo Ferreira, poeta e pensador cego.
DESPEDIDA
Foi bem assim a nossa despedida:
Partimos, juntos, da singela rua,
Que minha alma enlaçar-se viu na tua,
Ambas, então, fundidas numa vida.
Do tempo a veloz marcha era incontida;
Qual barco errante, que no mar flutua,
Minha existência, de esperanças nua,
Ao sopro da ilusão foi sacudida!
Entre o amor e o dever, eu, indeciso,
Sentia que partir era preciso,
Mas, querendo ficar, tornei-me mudo.
Tomei da mão pequena que me deste
E se, sorrindo, nada me disseste,
Eu, nem chorando, te diria tudo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário