quarta-feira, 23 de maio de 2012

Murilo de Almeida Brasil


Dei-me por inteiro, sangrei-me até verter apenas água!
Cumulei-me de feridas. Feridas profundas!
Ah, meu caro leitor, que aqui depositas seu intelecto e sua atenção. Pudera eu, neste tempo longínquo ter conquistado os olhares, pensamentos e sentimentos desta distinta senhorita que vos falo.
Não pelo bem que ela pudesse, ou não, fazer-me, mas sim, pelo bem que a ela tanto ofereci e tanto desejei que dela sempre fosse.
Rasguei-me por inteiro, peito aberto, coração entregue. Corpo e alma em suas mãos deixei, confiando naqueles lindos olhos, e naqueles lábios que a mim versavam juras e mais juras.
No entanto, eis-me aqui, caro leitor. Deitado em lágrimas, prostrado de dor e vazio.
Aguardo o dia, que, pelos nobres ventos do destino, sopre em minha direção a serenidade da pureza de amar e ser amado, tal como nos ensinam quando criança.
Digo-vos, deveriam ter-nos ensinado a amarmo-nos em primeiro, deveriam ter-nos ensinado que amar o outro, sem saber amar-se é hipocrisia, é ilusão que fatalmente finda em desilusão.
Hoje, caro leitor, amo-me por isto, por saber que ninguém, repito, ninguém a mim amará, se a caso eu me rejeitar.

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