"... Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra ˜ talvez por isso, quem sabe? Mas nenhum se perguntou. Não chegaram a usar palavras como "especial", "diferente" ou qualquer coisa assim. Apesar de, sem efusões, terem se reconhecido no primeiro segundo do primeiro minuto... Mas desde o princípio alguma coisa ˜ fados, astros, sinas, quem saberá? conspirava contra (ou a favor, por que não?) aqueles dois (...) Para não sentirem tanto frio, tanta sede, ou simplesmente por serem humanos, sem querer justificá-los ˜ ou, ao contrário, justificando-os plena e profundamente, enfim: que mais restava àqueles dois senão, pouco a pouco, se aproximarem, se conhecerem, se misturarem? Pois foi o que aconteceu. Tão lentamente que mal perceberam."
E amar é assim: começa sem se perceber, sem se saber por quê. Belíssimo texto! É Caio Fernando Abreu?
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