Tenho uma porção de coisas pra te dizer (…) sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas. Queria te dizer uma porção de coisas, de uma porção de noites, ou tardes, ou manhãs, não importa. E o silêncio é imenso, como se houvesse um grande vácuo aqui dentro. Fiquei triste com o fim do seu amor. Não sei o que dizer, queria que você soubesse só, tipo simples: fiquei triste. Sim, tenho medo que seja cada vez mais difícil. Tenho medo de endurecer, de me fechar, de me encarapaçar dentro de uma solidão – escudo. Mas as coisas são porque têm que ser, não adianta nada a gente querer que sejam de outro jeito. Talvez bastasse qualquer coisa como chegar muito perto de você, passar a mão no teu cabelo e te chamar de amiga. Ou sorrir, só sorrir. (…) Tenho vontade de dizer nada, não vou fazer absolutamente nada. Bem, há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Seja como for, continuo gostando muito de você – da mesma forma. Ah, queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.
(Caio F. Abreu)
Às vezes temos em nós este silêncio, que tanto nos impede de dizer o que mais queremos...
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