terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O CORAÇÃO TEIMOSO E CORAJOSO




Amar exige esforço, tanto para agir, quanto para calar...
Compreender que por vezes a melhor forma de demonstrar amor é simplesmente, não se fazer presente, se torna uma das realidades mais complexas, contraditória e dolorosa para o amante.
O amante na sua ânsia de provar o quanto ama a outra pessoa cria inúmeras formas e maneiras inteligíveis de demonstrar, de materializar o sentimento; e, para o amante perceber que dado momento já não compete a ele dizer e fazer nada, nada além de sumir, desaparecer, como se nunca, nada, tivesse acontecido é a prova mais difícil, e no em tanto, talvez a mais bela das provas de amor... Matar, ceifar no peito e na alma a vontade de amar em prol do desejo do ente amado que já não deseja mais provas de amor e sim, apenas a ausência daquilo que foi um dia, deixar de lado o desejo egoísta de fazer a sua vontade para que a vontade do outro se concretize... Exige do amante não somente, a decisão de não mais o fazer, como também a certeza de que, por mais que seu coração se parta, ele esta fazendo a coisa certa... Ele esta se retirando do campo de batalha antes de perder a guerra, não porque é fraco, e sim porque já não há mais pelo que lutar. Seu objetivo, sua razão para a qual ele empunhava suas armas de amor já o pedira e demonstrara claramente a ânsia de abandonar o campo de batalha no auge da campanha...
Inicia-se a pior das batalhas para o amante, inicia o duelo interior, onde defronta-se o coração e a razão do ser.



O coração, teimoso e corajoso, deseja permanecer empunhando suas armas, enquanto a razão, serena, o pede para abandonar, simplesmente, porque é a vontade de seu amor que já não haja mais batalhas, intensifica-se na alma do amante, uma batalha de mil dias... Dias estes que somente a razão por si só muitas vezes não é suficiente para vencer a emoção, ambas se misturam num misto de amor e ódio para definir qual passo dar... Porém, em tudo, na alma do amante sempre haverá a triste certeza de que, na batalha do amor, nunca houve vencedor, nunca houve derrotado, e desta forma todos saíram perdendo...
O ato de amar em essência contradiz tudo o que se diz de amor, e por isso nesta lógica, ilógica da vida, seja o AMOR a grande busca do ser, o amor, é o completo e o vazio do ser, é a alegria e a total tristeza em um único instante. Seja como for, não está no amor o ato de ser racional, inteligível ou explicável, esta no AMOR o ato de desordenar a ordem vigente da sociedade e do ser. Desde os primórdios do surgimento do homem existe a batalha do amor e a inútil tentativa do homem de defini-lo e racionalizá-lo...
E pensando bem, nesta total incoerência do ser, tanto o coração quanto a razão chegam a uma conclusão em conjunto: “QUE BOM QUE O AMOR NOS FAZ ISSO, NOS TIRA O PRUMO, QUE BOM QUE O AMOR NÃO SE LIMITA AS NOSSAS DEFINIÇÕES HUMANAS INTELIGIVEIS E NOS FAZ BEM E MAL, ENFIM, QUE BOM QUE O AMOR NOS DÁ O BENEFICIO DA INCERTEZA E DA CONTRADIÇÃO” pois com isto, o amor nos ensina que o amanhã pode ser completamente diferente do hoje, que por si só, já é uma nova perspectiva do que foi ontem.

(Murilo Brasil)

Um comentário:

  1. Caraca, sem dúvida o Murilo anda apelando e muito nesses dias. Sensacional!

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